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terça-feira, 17 de julho de 2018

Sombrio e obscuro, álbum duplo 'Scorpion' atende a pedido antigo dos fãs de Drake

'Scorpion' chegou aos serviços de streaming em 29/6 e é dividido entre rap e R&B



Interminável é o adjetivo que melhor descreve a dominância e constância que o rapper, cantor e compositor canadense Drake conseguiu imprimir em sua carreira. Desde que despontou para o grande público em 2009 com a mixtape So Far Gone, estabeleceu o que é tido facilmente como o auge mais duradouro da história do rap.
Chegar e permanecer no topo não foi tudo. Ao desafiar os paradigmas do hip-hop por se gabar sobre suas conquistas com flows e versos matadores na mesma medida em que expunha suas emoções provindas de relacionamentos falhos de forma vulnerável e transparente, o artista de Toronto (re) abriu precedentes no rap e tornou-se um dos artistas mais influentes de sua geração.
Em 'Scorpion', seu quinto álbum de estúdio que chegou aos serviços de streaming na última sexta-feira (29/6), Drizzy oferece aos fãs algo constantemente requisitado há pelo menos metade de sua estadia no topo: um álbum duplo, com cada sequência dedicada a um dos gêneros que o artista tão bem mesclou durante toda sua discografia.
O projeto tem 90 minutos de duração e dois lados distintos. Um inteiro de rap, outro quase totalmente R&B, totalizando 25 músicas. Vamos a elas.
Lado A
Explosiva, a faixa 'Survival' abre o álbum - e o lado A, focado no rap – cumprindo totalmente sua função de abrir o projeto, deixando claro o teor obscuro e sombrio que praticamente não dá trégua durante os 90 minutos. Ainda que procure se conter por estar apenas na Intro, como diz algumas vezes durante seu verso, há espaço para comentar a rixa com o rapper Pusha-T, acontecida há algumas semanas.
Resumidamente, após troca de hostilidades ferrenha, uma falta de resposta por parte de Drake colocou em xeque pela primeira vez de forma real sua posição de número um no hip-hop. “A coroa está quebrada em pedaços, mas há mais em minha posse” é apenas uma das referências ao ocorrido no Scorpion.
'Emotionless', carregada por um sample de Mariah Carey, traz comentários sociais sobre o uso das redes sociais em um mundo líquido, raso e de aparências.
Isso imediatamente antes do artista revelar/confirmar que é pai de um menino nascido em outubro do ano passado. A “fofoca” já tinha sido feita por Pusha-T durante a citada treta, o que mostra o nível em que chegou a desavença entre os artistas. 

Mais referências a seu herdeiro acontecem ao longo do álbum, mas outra com tamanho detalhe só viria na última música do lado B.
O produtor Tay Keith, do single top 10 da Billboard Hot100 'Look Alive', sucesso de BlocBoy JB com participação de Drake, volta para 'Nonstop', a segunda música do álbum. É a mais indicada para sua playlist pré-rolê, ou melhor colocando com a ajuda de uma expressão em inglês, definitivamente a mais “club-ready” do Lado A. Os ad-libs sussurrados garantem o carisma da canção de forma instantânea.
A mais melódica 'Elevate', que vem na sequência, é mais uma celebração sem segredos do sucesso comercial atingido por Drizzy, e sintetiza um sentimento que perdura durante as 25 faixas: salvo gosto pessoal, é difícil encontrar um momento genuinamente ruim no 'Scorpion', mas a procura por ápices de qualidade que mereçam ser citados em discussões sobre a discografia do artista é igualmente uma tarefa complicada.
A já consagrada e multi-platina 'God’s Plan' e o terceiro single 'I’m Upset', que pode demorar para cair no gosto do ouvinte por parecer maçante nas primeiras reproduções, são também adições certeiras para aquela playlist já citada.
Se o álbum duplo dividido entre Rap/R&B realizou o desejo de muitos fãs, o rapper com certeza atingiu um sonho pessoal na faixa 'Don’t Matter to Me', que conta com a participação do Rei do Pop Michael Jackson.
A voz do astro, gravada em 1983 para uma canção que nunca viu a luz do dia, foi bem acomodada pelo instrumental estelar de 40 e Nineteen85 - outro produtor do selo OVO Sound – que exemplificam como ser sucinto e grandioso ao mesmo tempo.
Drake reedita para a letra basicamente o mesmo conceito de Hotline Bling, lamentando as decisões de uma garota para conseguir superá-lo. Quem não tiver problema com os vocais póstumos de MJ sendo utilizados com uma tonelada de efeitos para tratar o acapella original vai certamente ver a faixa como um ponto alto.
Assim como 'Summer Games', a segunda do lado B, que lembra o material da já citada mixtape 'So Far Gone', de 2009, e possui um dos instrumentais mais cheios de vida do set R&B.  “Como você pode ficar com raiva em uma noite em julho e ser quente comigo quando está congelando lá fora?” é um exemplo de frase certeira que mostra que o cantor não perdeu seu toque de midas quando o assunto é capturar as emoções de sua geração e transformá-las em letras e melodias com as quais seu público consegue se relacionar de uma forma sem precedentes.
O som mais experimental também é visto em “Ratchet Happy Birthday”, essa mais polarizadora e com o autotune mais evidente de todo o Scorpion. Outra participação póstuma acontece em “After Dark”, uma das melhores faixas e instrumentais do lado B.
Static Major, falecido em 2008 - a quem Drake já prestou homenagem em 2011 no instrumental de “Look What You’ve Done”, dedicada a sua mãe - divide a canção com Ty Dolla $ign, um dos expoentes do atual R&B. Ty entrega um ótimo verso, e Drizzy não fica muito atrás. 
Nem só de R&B alternativo, atmosférico e sombrio vive o Lado B. A mais dançante da sequência é “In My Feelings”, uma daquelas que, se por acaso a tracklist tivesse de ser reduzido para umas 13 ou 15 músicas agregando as melhores de cada lado, não poderia ficar de fora.
Possui alguns elementos de “Nice for What”, o sucesso cheio de alma produzido por Murda Beatz que serviu como o segundo single e é uma das melhores das 25 canções, e encontra-se no lado B apesar da participação de Drake na canção ser com versos de rap


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